Bebeto era um
carneirinho cansado de carneirice. Cansado de fazer
tudo o que seu mestre mandava.
Por isso, um dia,
quando ouviu chamar:
- Bééé-béééé-to, vem
cortar o cabelo....
Começou a reclamar:
- Não quero cortar
cabelo nenhum. Careca não está na moda. Vou embora e vou ficar cabeludo como
quiser.
No meio do caminho,
ainda ouvia a carneirada:
- Béééé-béééé-t.... Bééé-bééé-to....
Depois não
ouviu mais nada.
A montanha era calma
e linda, tão alta que ficava no meio das nuvens.
Então Bebeto pensou:
“Oba, nuvem é uma
coisa boa pra ser. Para um carneiro esperto como eu, não é difícil ser
branco e macio, nem ficar pra lá e pra cá.”
- Está resolvido:
vou virar nuvem!
Entrou no meio da
neblina e pronto...
Apareceu uma nuvem
nova. Uma nuvem “bebeta”.
No começo era muito
divertido. Cada passeio bom!
As nuvens viam todas
as coisas da terra: rios, fazendas, praias e cidades.
De vez em quando
vinha um vento e mudava tudo num momento.
Bebeto acabou
cansando. Não gostava de ser mandado por ninguém.
E achou melhor virar
outra coisa. Mas não sabia o quê.
Em cima do mar, viu
as ondas lá embaixo, cheias de espuma branquinha.
- Oba, espuma é
coisa boa pra ser!
Para um carneiro
esperto como eu, não é difícil ser branco e levinho, nem boiar para lá e
para cá.
Está resolvido: vou
virar espuma!
A nuvenzinha fez uma
chuva, misturou-se com a água do mar.
E pronto: apareceu
uma espuma nova.
No começo foi uma
maravilha. Que lindo o mar à noite, quando a luz brilha!
E que beleza de dia,
com sol, que alegria!
Vida boa!
Um dia...resolveu ir
passear:
- Dona Onda, quero
ir à praia, brincar na areia!
- Não senhor, agora
não. Só na maré cheia!
- Deixa de onda,
dona Onda....
Mas não adiantou. E
ele também se cansou.
Por isso, quando
dona Onda se distraiu, ele pegou uma onda e foi até a praia.
Quando chegou lá,
ouviu um choro. Olhou, olhou, e descobriu que era uma carneirinha.
-
Buéééé....Buéééé....Ninguém gosta de mim....Nenhum carneiro é meu amigo...
- Será que é porque
sou uma ovelha negra?
Bebeto ficou
morrendo de pena da ovelhinha morena.
E viu que precisava
ser carneiro mesmo.
- Bom dia,
carneirinha!
Eu quero ser seu
amigo. Meu nome é Bebeto.
- Bom dia, Bebeto.
Eu sou Memélia.
E os dois começaram
a conversar e a brincar.
E um chamava o
outro:
- Mééé-mééé-lia....
- Bééé-Bééé-to....
Correram, pularam,
deram cambalhotas, cantaram e dançaram:
Carneirinho,
carneirão, neirão, neirão...
Olhai pro céu,
olhai pro chão, pro chão, pro chão...
Cataram conchinhas,
fizeram castelos de areia.
E ficaram muito
amigos e felizes.
Depois saíram
viajando pelo mundo afora.
Casaram e tiveram
uma porção de filhos.
Carneirinhos pretos,
brancos e malhados.
Todos levados,
alegres e brincalhões.
Muito felizes por
serem apenas carneirinhos!
E todo mundo gostava
deles!
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